“(...) Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu”.
(Fernando Pessoa)
Duas garotinhas de dez anos de idade
conversam sobre o que querem ser na vida. A primeira,
orgulhosa, nem pensa duas vezes: “quero ser
médica!”. A segunda diz “e eu quero ser professora”.
“Professora? Só isso?”, retrucou a menina, com uma
certa arrogância. A amiga nem se abalou: “E você
acha que vai se tornar médica como? Tendo aulas
com um monte de professores, oras!”
Esse diálogo simples, que se repete entre
milhares de crianças todos os dias, revela aquilo que
estamos acostumados a sentir na própria pele: o
descaso com o ofício de professor, que hoje possui
uma imagem desgastada em virtude de todas as
transformações que a educação sofreu em nosso país.
Mas, como afirmou a menina, não há jornalista,
advogado, médico ou outro doutor que não tenha,
algum dia, freqüentado salas de aula, dividindo
diariamente suas experiências com os mestres que
nos ensinam não só matemática, física, química, como
nos ensinam sobre a própria vida.
Os salários são baixos, as condições de ensino
são, hoje, muitas vezes precárias, mas a maior virtude
do mestre está em ensinar. Em conduzir crianças,
adolescentes, adultos, a algum rumo na vida.
É possível que não nos recordemos de todos
os professores com quem tivemos contato nesta vida,
mas sem dúvida nos lembramos de algum mestre
em especial. A primeira professora costuma ser
sempre inesquecível, assim como aquele mestre na
faculdade que nos ajudou a tomar um rumo mais
acertado na profissão.
Apesar de todos os percalços, de todas as
dificuldades, é nos mestres em quem confiamos.
Mestres que não abandonam seus caminhos, por mais
difíceis que sejam, mantendo vivo o compromisso de
educar. Como dizia Fernando Pessoa, “tudo vale a
pena, se a alma não é pequena”. Aos professores de
almas enormes, aqui vai o nosso muito obrigado por
nos ensinar a viver. Feliz Dia dos Professores