quarta-feira, 27 de outubro de 2010

FAER lança "Café & Poesia" no formato dos antigos cafés literários: cultura, chá e biscoitos


A Faculdade Ernesto Riscali - FAER, lançou o “1º Café & Poesia” ontem, quarta-feira (20) às 19h, na biblioteca da faculdade, contou com a presença de professores, alunos e convidados, com o objetivo de valorizar a cultura, descobrir talentos poéticos, reunir poetas e artistas da comunidade.

A abertura do evento se deu com a declamação feita pelos professores Genival Miranda e Bianca do poema “Rifa-se um Coração” de Clarisse Lispector. Em seguida, a professora de literatura, Olinda Aleixo, explicou sobre o projeto “Café e Poesia” e apresentou o convidado, professor, escritor e poeta olimpiense, Ivo de Souza, que falou sobre a sua vida de educador e o do trabalho na literatura como escritor de poemas.

RIFA-SE UM CORAÇÃO
Clarisse Lispector


Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade
está um pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos, e cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente
que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado,
coração que acha que Tim Maia estava certo
quando escreveu... "não quero dinheiro,
eu quero amor sincero, é isso que eu espero...".
Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece,
e mantém sempre viva a esperança de ser feliz,
sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações
e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste
em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional que,
abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado
indicado apenas para quem quer viver intensamente e,
contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida
matando o tempo, defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas:
" O Senhor poder conferir", eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer".
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro
que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que,
ainda não foi adotado, provavelmente,
por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar, mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence seu usuário
a publicar seus segredos e, a ter a petulância
de se aventurar como poeta.

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                                     Professor, escritor e poeta Ivo de Souza

O poeta disse que o trabalho com poesia “é muito árduo, é necessária muita dedicação, ser muito observador e perceber as coisas mais simples que muitas vezes passa despercebida dos olhos da grande maioria”.

                                      Professora de Literatura Olínda Aleixo
 
Para a professora de literatura Olinda Aleixo, o projeto “Café e Poesia” é uma atividade Cultural “no formato dos antigos cafés literários, onde seus participantes têm a oportunidade de declamar e ouvir boa música, sonetos, poesias e crônicas, sempre regadas a um café acompanhado de biscoitos e outros quitutes”.


O principal objetivo é valorizar a cultura, descobrir talentos poéticos, reunir poetas e artistas da comunidade, afirma Profª Olinda.
 

Estava presente um dos alunos do professor Ivo de Souza, que hoje é recém formado em Direito, passou na prova da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) com louvor, e já esta atuando com escritório em Olímpia, Daniel Joaquim Emilio.
Segundo Genival Miranda, “os encontros serão mensais e a expectativa é que a comunidade olimpiense participe com muito interesse por esse projeto, que estará aberto para quem tiver interesse, uma oportunidade de reunir pessoas de todas as artes”.

“As atividades do Café e Poesia acontecerão de forma livre e criativa e atenderá um calendário e divulgação antecipada”, conclui o professor.



fonte: Blog do Concon