Linguística é o estudo científico da Linguagem. Um linguista é alguém que se dedica a esse
estudo. A pesquisa linguística é feita por muitos especialistas que,
geralmente, não concordam harmoniosamente sobre o seu conteúdo. O jornalista norte-americano Russ Rymer certa vez a definiu ironicamente da
seguinte maneira:
A Linguística é a parte do conhecimento mais fortemente debatida
no mundo acadêmico. Ela está encharcada com o sangue de poetas, teólogos, filósofos, filólogos, psicólogos, biólogos e neurologistas além de, não importa o quão pouco,
qualquer sangue possível de ser extraído de gramáticos.
Alternativamente, alguns chamam informalmente de linguista a uma
pessoa versada ou conhecedora de muitas línguas, embora um termo mais adequado
para este fim seja poliglota.
Divisões da linguística
Os linguistas dividem o estudo da linguagem em certo número de
áreas que são estudadas mais ou menos independentemente. Estas são as divisões
mais comuns:
- fonética, o estudo dos diferentes sons empregados em linguagem;
- fonologia, o estudo dos padrões dos sons básicos de uma língua;
- morfologia, o estudo da estrutura interna das palavras;
- sintaxe, o estudo de como a linguagem combina palavras para formar frases gramaticais.
- semântica, podendo ser, por exemplo, formal ou lexical, o estudo dos sentidos das frases e das palavras que a integram;
- lexicologia, o estudo do conjunto das palavras de um idioma, ramo de estudo que contribui para a lexicografia, área de atuação dedicada à elaboração de dicionários, enciclopédias e outras obras que descrevem o uso ou o sentido do léxico;
- terminologia, estudo que se dedicada ao conhecimento e análise dos léxicos especializados das ciências e das técnicas;
- estilística, o estudo do estilo na linguagem;
- pragmática, o estudo de como as oralizações são usadas (literalmente, figurativamente ou de quaisquer outras maneiras) nos atos comunicativos;
- filologia é o estudo dos textos e das linguagens antigas.
Nem todos os linguistas concordam que todas essas divisões tenham
grande significado. A maior parte dos linguistas cognitivos, por exemplo, acha,
provavelmente, que as categorias "semântica" e "pragmática"
são arbitrárias e quase todos os linguistas concordariam que essas divisões se
sobrepõem consideravelmente. Por exemplo, a divisão gramática usualmente cobre fonologia, morfologia
e sintaxe.
Ainda existem campos como os da linguística teórica e da
linguística histórica. A linguística teórica procura estudar questões tão
diferentes sobre como as pessoas, usando suas particulares linguagens,
conseguem realizar comunicação; quais propriedades todas as linguagens têm em
comum, qual conhecimento uma pessoa deve possuir para ser capaz de usar uma
linguagem e como a habilidade linguística é adquirida pelas crianças.
A linguística histórica
A linguística histórica,
dominante no século XIX, tem por
objetivo classificar as línguas do mundo de acordo com suas afiliações e
descrever o seu desenvolvimento histórico. Na Europa do século XIX, a linguística privilegiava o estudo
comparativo histórico das línguas indo-europeias,
preocupando-se especialmente em encontrar suas raízes comuns e em traçar seu
desenvolvimento.
A preocupação com a descrição das línguas espalhou-se pelo mundo e
milhares dessas foram analisadas em vários graus de profundidade. Quando esse
trabalho esteve em desenvolvimento no início do século XX na América do Norte, os linguistas se
confrontaram com línguas cujas estruturas diferiam fortemente do paradigma
europeu, mais familiar. Percebeu-se, assim, a necessidade de se desenvolver uma
teoria e métodos de análise da estrutura das línguas.
Para a linguística
histórico-comparativa ser aplicada a línguas desconhecidas, o
trabalho inicial do linguista era fazer sua descrição completa. A linguagem
verbal era, geralmente, vista como consistindo de vários níveis, ou camadas, e,
supostamente, todas as línguas naturais humanas tinham o mesmo número desses
níveis.
O primeiro nível é a fonética, que se preocupa com os sons da língua
sem considerar o sentido. Na descrição de uma língua desconhecida esse era o primeiro
aspecto estrutural a ser estudado. A fonética divide-se em três: articulatória,
que estuda as posições e os movimentos dos lábios, da língua e dos outros órgãos relacionados com a
produção da fala (como as cordas vocais); acústica, que lida com as propriedades das ondas
de som; e auditiva, que lida com a percepção da fala.
O segundo nível é a fonologia, que identifica e estuda os menores
elementos distintos (chamados de fonemas) que podem
diferenciar o significado das palavras. A fonologia também inclui o estudo de
unidades maiores como sílabas, palavras e frases fonológicas e de sua acentuação e entonação.
O terceiro nível é a morfologia,
que analisa as unidades com as quais as palavras são montadas, os morfemas. Esses são as menores unidades da
gramática: raízes, prefixos e sufixos. Os falantes nativos reconhecem os
morfemas como gramaticalmente significantes ou significativos. Eles podem
frequentemente ser determinados por uma série de substituições. Um falante de
inglês reconhece que make é uma palavra diferente de makes, pois o sufixo -s é
um morfema distinto. Em inglês, a palavra morfeme consiste de dois morfemas, a
raiz morph- e o sufixo -eme, nenhum dos quais tinha ocorrência isolada na
língua inglesa por séculos, até morph ser adotado em linguística para a
realização fonológica de um morfema e o verbo to morph ter sido cunhado para
descrever um tipo de efeito visual feito em computadores. Um
morfema pode ter diferentes realizações (morphs) em diferentes contextos. Por
exemplo, o morfema verbal do do inglês tem três pronúncias bem distintas nas
palavras do, does (com o sufixo -es) e don't (com a aposição do advérbio not em
forma contracta -n't). Tais diferentes formas de um morfema são chamados de
alomorfos.
Os padrões de combinações de palavras de uma linguagem são
conhecidos como sintaxe. O termo gramática usualmente cobre
sintaxe e morfologia. O estudo dos significados das palavras e das construções
sintáticas é chamado de semântica.
Escolas de pensamento
Na Europa houve um desenvolvimento paralelo da linguística
estrutural, influenciada muito fortemente por Ferdinand de Saussure,
um estudioso suíço de indo-europeu cujas aulas de linguística geral, publicadas
postumamente por seus alunos, deram a direção da análise linguística europeia
da década de 1920 em diante; esse enfoque foi amplamente adotado em outros
campos sob o termo "estruturalismo"
ou análise estruturalista.
Ferdinand de Saussure também é considerado o fundador da semiologia.
Durante a Segunda Guerra Mundial,
Leonard Bloomfield
e vários de seus alunos e colegas desenvolveram material de ensino para uma
variedade de línguas cujo conhecimento era necessário para o esforço de guerra.
Este trabalho levou ao aumento da proeminência do campo da linguística, que se
tornou uma disciplina reconhecida na maioria das universidades americanas somente
após a guerra.
Noam Chomsky
desenvolveu seu modelo formal de linguagem, conhecido como gramática
transformacional, sob a influência de seu professor Zellig Harris, que por sua vez foi fortemente
influenciado por Bloomfield. O modelo de Chomsky foi reconhecidamente dominante
desde a década de 1960 até a de 1980 e desfruta ainda de elevada consideração
em alguns círculos de linguistas. Steven Pinker tem se ocupado em clarificar e
simplificar as ideias de Chomsky com muito mais significância para o estudo da
linguagem em geral. Outro
aluno de Zellig Harris, Maurice Gross, desenvolveu o léxico-gramática,
método de descrição formal que dá enfoque ao léxico.
A linguística de corpus,
voltada ao uso de coleções de textos ou corpora, se desenvolveu nos anos 1960 e se popularizou nos
anos 1980.
Da década de 1980 em diante, os enfoques pragmáticos, funcionais e
cognitivos vêm ganhando terreno nos Estados Unidos e na Europa. Umas poucas figuras importantes nesse movimento são Michael Halliday, cuja gramática
sistêmica-funcional é muito estudada no Reino Unido, Canadá, Austrália, China
e Japão; Dell Hymes,
que desenvolveu o enfoque pragmático "A Etnografia do Falar"; George Lakoff, Leonard Talmy, e Ronald Langacker, que foram os pioneiros da linguística cognitiva;
Charles Fillmore e Adele Eva Goldberg,
que estão associados com a gramática da construção; e entre os linguistas que
desenvolvem vários tipos da chamada gramática funcional estão Simon Dik, Talmy Givon e Robert Van Valin, Jr.
Merece também destacar, nos finais do século XX, a partir de 1995,
os trabalhos do linguista Jairo Galindo com a criação das Línguas Experimentais
Umonani (Brasil) e Uiraka (Colômbia), que deu origem à Linguística
Experimental. Já no começo do século XXI, os trabalhos são aprofundados através
de línguas dinâmicas naturais. O que vai concluir com as linguagens dinâmicas
reais: Umonani e Uiraka. Esses trabalhos vão dar origem a teoria da Linguística
diversificada, Lindi. Sendo que os estudos nesta área vão remontar a mais de
12007 anos, e os estudiosos em linguagens dinâmicas reais vão se denominar,
linguistas diversificados.
Falantes, comunidades linguísticas e universais linguísticos
Falantes, comunidades linguísticas e universais linguísticos
Os linguistas também diferem em quão grande é o grupo de usuários
das linguagens que eles estudam. Alguns analisam detalhadamente a linguagem ou
o desenvolvimento da linguagem de um dado indivíduo. Outros estudam a linguagem
de toda uma comunidade, como por exemplo a linguagem de todos os que falam o Black English
Vernacular. Outros ainda tentam encontrar conceitos linguísticos
universais que se apliquem, em algum nível abstrato, a todos os usuários de
qualquer linguagem humana. Esse último projeto tem sido defendido por Noam Chomsky e interessa a muitas pessoas que
trabalham nas áreas de psicolinguística e
de Ciência da Cognição.
A pressuposição é que existem propriedades universais na linguagem humana que
permitiriam a obtenção de importantes e profundos entendimentos sobre a mente
humana.
Fala versus escrita
Alguns linguistas contemporâneos acham que a fala é um objeto de
estudo mais importante do que a escrita. Talvez porque ela seja uma
característica universal dos seres humanos, e a escrita não (pois existem
muitas culturas que não possuem a escrita). O fato de as pessoas aprenderem a
falar e a processar a linguagem oral mais facilmente e mais precocemente do que
a linguagem escrita também é outro fator. Alguns (veja cientistas da cognição)
acham que o cérebro tem um "módulo de linguagem" inato e que podemos
obter conhecimento sobre ele estudando mais a fala que a escrita.
A escrita também é muito estudada e novos meios de estudá-la são
constantemente criados. Por exemplo, na intersecção do corpus linguístico
e da linguística
computacional, os modelos computadorizados são usados para estudar
milhares de exemplos da língua escrita do Wall Street Journal,
por exemplo. Bases de dados
semelhantes sobre a fala já existem, um dos destaques é o Child
Language Data Exchange System[3] ou, em tradução livre, "Sistema de
Intercâmbio de Dados da Linguagem Infantil".
Descrição e prescrição
Provavelmente, a maior parte do trabalho feito atualmente sob o
nome de linguística é puramente descritivo. Há, também, alguns profissionais (e
mesmo amadores) que procuram estabelecer regras para a linguagem, sustentando um padrão particular que
todos devem seguir.
As pessoas atuantes nesses esforços de descrição e regulamentação
têm sérias desavenças sobre como e por que razão a linguagem deve ser estudada.
Esses dois grupos podem descrever o mesmo fenômeno de modos diferentes, em
linguagens diferentes. Aquilo que, para um grupo é uso incorreto, para o outro
é uso idiossincrático, ou
apenas simplesmente o uso de um subgrupo particular (geralmente menos poderoso
socialmente do que o subgrupo social principal, que usa a mesma linguagem).
Em alguns contextos, as melhores definições de linguística e
linguista podem ser: aquilo estudado em um típico departamento de linguística
de uma universidade e a pessoa que ensina em tal departamento. A linguística,
nesse sentido estrito, geralmente não se refere à aprendizagem de outras
línguas que não a nativa do estudioso (exceto quando ajuda a criar modelos
formais de linguagem).
Especialistas em linguística não realizam análise literária e não
se aplicam a esforços para regulamentar como aqueles encontrados em livros como
The
Elements of Style (Os Elementos de Estilo, em tradução livre), de
Strunk e White. Os linguistas procuram estudar o que as pessoas efetivamente
fazem, nos seus esforços para comunicar usando a linguagem, e não o que elas
deveriam fazer.
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